Manifesto

A fumaça vem de uma mistura complexa de vapores, resultando numa combustão de corpos que faz com que partículas se soltem, libertando luz e calor. Não se faz sozinha, joga e contrapõe os elementos, questionando-os à medida que o fumo sobe. Pode ser mais ou menos visível, dependendo da intensidade, ser proveniente da mais pura das águas ou do pior dos incêndios.

Poderíamos pensar que este é o papel dos media, se substituirmos as partículas por factos e o fumo por escrutínio. Mas, na prática, a realidade difere da química exotérmica. Hoje, a maioria da comunicação social em Portugal, solta o que chama de factos, mas não escrutina ou esmiúça. Em vez disso, agarra-se à lógica do entretenimento, às grandes capas e títulos gordos. Ludibria uma sociedade cada vez menos atenta, que consome de relance tudo o que se passa. Assume, por isso e quase sempre, que onde há fumo, há fogo.

Achamos que merecemos mais que uma comunicação de alcoviteiras. Que arranha a superfície de gelo, quando é preciso quebrá-lo. Que em vez de questionar, prefere mistificar, e que condena, sem julgar. Deixemos a lógica do entretenimento e aprofundemos aquilo que realmente importa. Sejamos contrários.

Conversamos neste podcast com aqueles que, como nós, querem ir para além das sombras da caverna. Questionamos quem afirma as suas posições e damos voz aos que não entram na agenda mediática.

Falamos sobre a sociedade com quem quer falar sobre ela.
Porque o povo não é sereno, mas isto é apenas fumaça.
Bem-vindos.